Com uma estrutura não-narrativa, em que a fragmentação é explorada radicalmente, chegando ao nonsense, Cremasco privilegia o virtuosismo dos jogos de linguagem e obriga o leitor a uma atenção redobrada. A peculiaridade da escrita beira uma lógica charadesca, quase enigmática, que encanta e incomoda. São textos para pensar, digerir. Ocultos e ambíguos. Em Histórias prováveis, com um estilo à la Pierre Menard, de Borges, ou Memorial de Aires, de Machado, Cremasco devassa os escritos deixados por um morto, numa pasta amarela. Já O livro de Geografia, fala de Lao e sua obsessão em escrever um livro sobre o assunto. Há também Esperança, e sua protagonista homônima.