Uma das características centrais da condição social moderna é a conduta racional-instrumental, em que o indivíduo busca, exclusivamente, a maior satisfação possível de suas ambições e interesses pessoais. Tal concepção comportamental é o fundamento da teoria da escolha racional, que tem encontrado nos últimos anos recepção crescente nas ciências sociais. Mas será que esse tipo de conduta reflete um princípio inquestionável ou algo vinculado à natureza humana? A proposição deste livro de Bruno Sciberras de Carvalho é mostrar que a ação racional-instrumental só pode ser plenamente entendida mediante os processos de individualização, de competição social e de formação das instituições políticas liberais que se manifestam na modernidade. Nesse sentido, a partir do exame crítico das diversas vertentes da escolha racional, procura-se indicar que seu entendimento se baseia em uma significação singular e parcial que reflete, e ao mesmo tempo engendra, normas funcionalmente adequadas à organização liberal da sociedade e do Estado.