Em águas profundas, e em três movimentos sucessivos, de fora para dentro, o autor convida o leitor para acompanhá-lo nesta viagem serpentina, em espiral, que começa no exterior – França, Itália, Holanda, Índia, China, Panamá, Equador, Guatemala – de um jeito bem brasileiro, e termina no Brasil, em diferentes cidades onde Leonardi viveu e exercitou sua imaginação.Os textos aqui reunidos têm muito a ver com o tema “fronteiras”, sobre o qual o autor já escreveu dois outros livros. Fronteira entre o Norte e o Sul, ou entre o Oriente e o Ocidente, onde vivem tipos raianos e extremos. Fronteira não é apenas raia, linha divisória entre dois países. É, também, aquele espaço indefinível que não é mais ciência e ainda não é arte. Ou aquele momento final que não é mais vida mas ainda não é morte. Todas as intersecções poéticas, possibilitadas por esta viagem, são fronteiras: ficção e realidade; sonho e vigília; passado e presente; sanidade e loucura.Onde começa um e onde termina o outro? É impossível dizer, os contos de Leonardi estão repletos de figuras desse tipo, ou cortes desse tipo: pontos em que dois ou mais planos, ou trajetórias de vida, se cruzam. Pontos abstratos: ninguém sabe exatamente onde se cruzam, nem quando. Procurar a solução desse enigma é o objeto da literatura serpentina que Victor Leonardi costuma escrever. O prazer da leitura é imenso. Um prazer-aventura.