Este livro nos oferece a oportunidade de ler uma utopia pouco conhecida e ao mesmo tempo poder cotejá-la com o contexto histórico em que foi produzida. Apresentamos a cuidadosa tradução feita por Helvio Moraes da utopia de Francesco Patrizi da Cherso, A cidade feliz, publicada em Veneza em 1553. Nesse texto, defrontamo-nos com um outro modelo utópico. Nele, não está presente o relato de viagem, mas sim a apresentação de um projeto de uma cidade, onde, através da razão e da ciência, pode-se alcançar o bem maior desejado pelos homens, a felicidade. A utopia de Patrizi é um convite à leitura de um texto já quase esquecido no passado, mas que se atualiza pelo modo como o exercício negativo da liberdade se desvia de uma razão instrumental, tão presente no pensamento e na ação políticos dos dias atuais.