Os problemas enfrentados no tratamento psicanalítico com crianças decorrem da sobreposição entre criança e sujeito e da valorização da infância como fase da vida, em detrimento da conceitualização de infantil como lugar. Esta é a premissa de Ana Laura Prates para argumentar que, a partir da obra de Jacques Lacan, pode-se propor uma clínica com crianças que seja norteada pelos conceitos de sujeito do inconsciente, tempo lógico e estrutura clínica. A autora também defende a unidade da clínica pela via da articulação lógica do sujeito ao objeto na fantasia fundamental, articulação que possibilita sustentar a ideia de que a multiplicidade estratégica e tática que essa clínica exige, bem como a transitividade aí implicada, evidencia sobremaneira as particularíssimas relações entre o Um e o múltiplo, que a psicanálise permite transmitir de modo original e inédito. "Uma questão preliminar a todo tratamento possível de crianças pelo discurso psicanalítico. Eis o subtítulo implícito que apreendo deste livro de Ana Laura Prates Pacheco, parafraseando o célebre artigo de Lacan sobre a psicose." (Antonio Quinet).