Memória e história se misturam e ao mesmo tempo se esquivam no relato semiautobiográfico Meu pai, minha mãe, de Aharon Appelfeld (1932-2018). O romance, originalmente publicado em 2013, é uma das últimas obras do escritor que integra a linha de frente da moderna literatura israelense ao lado de nomes como Amos Oz e David Grossman. Por seu estilo original e pela abordagem oblíqua dos temas fundamentais do judaísmo nos séculos XX e XXI, Appelfeld ocupa um lugar único entre seus contemporâneos. O romancista Philip Roth, um de seus maiores admiradores e corresponsável pela publicação de seus livros nos Estados Unidos, o definiu como um autor deslocado de obras deslocadas, que soube se apossar de modo inconfundível do tema da desorientação. Appelfeld filtra com sua história pessoal a diáspora judaica, a perseguição nazista e a fundação de Israel história marcada, aos 8 anos, pelo assassinato da mãe, a prisão em um campo de concentração seguida de uma fuga que o levou a se juntar a (...)