Escrito em 1947, Mitos e Neuroses permanece tão ou mais pertinente do que quando foi publicado, já que os problemas que Paul Tournier aborda só se agravaram. O autor chama a atenção para o fato de que o "espírito da época" está doente. Isso quer dizer que os problemas emocionais do homem e da mulher modernos não são gerados apenas por suas experiências e traumas infantis. Não. É toda uma cultura que padece de uma enfermidade cuja origem está na repressão do espiritual, no abandono de suas fontes cristãs (sem, com isso, ter-se esquecido dos valores cristãos). Assim, as pessoas estão divididas: guardam no mais profundo do ser o anseio por uma vida mais elevada, ao mesmo tempo que se deixam arrastar pela onda de egoísmo cínico que caracteriza nossa época e que as leva a reivindicar uma liberdade quase irrestrita, mas desvinculada da correspondente responsabilidade.