Os diálogos de Platão podem ser lidos como verdadeiros inquéritos policiais. Alguém procura (frequentemente Sócrates) determinar os fundamentos de um problema a fim de lhes extrair as bases de uma ontologia, de uma ética, de uma política. Todavia, os interlocutores de Sócrates exprimem as suas interrogações partindo de elementos da sua actividade diária. Assim são evocadas, sucessivamente, a profissão de poeta, de navegador, dos artesãos, dos homens de política, assim como a questão da linguagem, do exercício de poder, da justiça. Nesta imensa obra, que suscitou mais de dois mil anos de incessantes comentários, o neófito, como o erudito que procuram desmontar-lhe as estruturas, deverão introduzir-se entre todas estas vozes dialogadas, ver como Sócrates salta sobre uma palavra para desenvolver uma verdadeira dialéctica, a verdadeira forma de um questionamento. A obra de Alexis Philonenko propõe uma análise detalhada de cada diálogo (salvo os diálogos da juventude) e deles nos apresenta os desafios, as inversões e faz surgir o fio de Ariana que aí se urde. Estas Lições constituem um utensílio único que permite penetrar na prática do diálogo platónico de forma a nele encontrar as combinações mais complexas. ALEXIS PHILONENKO, filósofo, professor emérito da Universidade de Rouen. Considerado um dos melhores intérpretes e comentadores do seu tempo, relativamente à história da filosofia. As suas teses incidiram sobre Fitche e consagrou a maior parte dos seus trabalhos à filosofia alemã, de Kant a Hegel. Da sua autoria o Instituto Piaget publicou Reler