Adeus, Minha Adorada Oito anos na cadeia por assalto a banco não foram suficientes para que Búfalo Maloy esquecesse Velma. Ao sair da cadeia foi direto ao mesmo Florian's bar, onde ela cantava. Precisava ouvi-la dizer: "Malloy querido, esperei por você todos estes anos". Mas o Florian's era agora um bar de negros e ela não cantava mais ali. Muitas coisas mudam em oito anos, menos o seu amor. A qualquer custo ele a encontraria. Um problema ideal para Philip Marlowe. Ação, perigo, poucos dólares (para Marlowe, claro) e muito risco. Afinal ele era um cara durão, uma parada indigesta, mas tinha um defeito; no fundo, era um sentimental. O Longo Adeus "O Longo Adeus" é um dos maiores romances da literatura americana em todos os tempos. E, seguramente, o melhor do gênero em que Chandler foi um dos fundadores - o policial noir - compartilhado com escritores do gabarito de Dashiell Hammett, Ross Macdonald, David Goodis, Chester Himes, entre outros. No centro da trama está Philip Marlowe, o detetive emblemático da literatura de Chandler e do período da recessão americana em que ele ambienta suas novelas. Sentimental sob uma casca de durão, quase sempre um perdedor, hábil e fascinante, Philip Marlowe ocupa a galeria de honra dos grandes personagens da literatura universal. "O Longo Adeus" é um clássico sobre a solidão e a amizade. Philip Marlowe e o enigmático Terry Lennox são os personagens centrais deste romance profundo e brilhante. O Sono Eterno "O Sono Eterno" é o primeiro romance e a primeira aparição de Philip Marlowe na obra de Raymond Chandler. Publicado em 1939, este livro surge depois da publicação de dezenas de contos em revistas pulp, consideradas de segunda linha, onde saíam histórias policiais e de mistério. Nestes contos, sob diferentes nomes, Chandler esboça a personalidade de seu grande personagem Philip Marlowe, protagonista de todos os seus romances. O palco é a Califórnia no difícil período da depressão, nos anos 30. Marlowe surge como um personagem tão fascinante quanto complexo; detetive particular, cínico, aparência de durão, Marlowe tem seu lado generoso e sentimental. À margem dos tiras, dos clientes e dos marginais, Marlowe é um solitário convivendo com as mazelas de um tempo difícil, na cidade grande apinhada de perdedores. Em "O Sono Eterno" Marlowe é contratado por um velho general milionário e doente que passa o dia envolto em um cobertor num orquidário úmido e escaldante. Pai de duas filhas lindas e complicadas, o velho general está sendo chantageado... Eletrizante, estilisticamente perfeito, este belo livro foi adaptado para o cinema sob o título À beira do abismo, com Humphrey Bogart e Lauren Bacall. A Dama do Lago Duas mulheres jovens e bonitas abandonam seus maridos e desaparecem. Philip Marlowe investiga o caso e descobre um cadáver num lago. Um gigolô mal-humorado, tiras inconvenientes, curiosos e corruptos se atravessam no seu caminho. A dama do lago é um dos clássicos da literatura americana, tendo consagrado o gênero noir, onde se destacaram também grandes autores como Dashiell Hammett, David Goodis, Ross Macdonald, entre outros. Janela Para Morte Raymond Chandler (1888-1959) iniciou a redação de "Janela para Morte" (The high window) em 1940 e publicou o livro em 1943. Ele já tinha no currículo os romances O sono eterno e Adeus, minha adorada - sendo que o primeiro tinha sido um grande sucesso de público e crítica - além de ser conhecido como escritor de contos policiais para revistas do gênero. O livro, no entanto, é anterior à sua experiência negativa e traumática como roteirista para os estúdios de cinema, e bem posterior a uma dura fase, em meados da década de 30, em que o autor viveu de bicos e pulou de emprego a emprego; em que sua mulher, Cissy, começou a mostrar problemas sérios de saúde e quando Chandler foi rejeitado pelo Exército Canadense, por causa da idade, após se voluntariar para lutar na Segunda Guerra Mundial. Quando escreveu Janela para a morte, por alguns breves anos parecia que a sorte (ou pelo menos a calmaria) lhe sorria. O romance é fruto desse período. Nesta belíssima e divertida história policial, o detetive Philip Marlowe está mais sentimental do que nunca, e todo o enredo move-se entre os dois opostos da escala social norte-americana: os ricos de Pasadena (simbolizado pela astuta sra. Elizabeth Murdock - um dos melhores personagens do livro -, que contrata o detetive para descobrir o paradeiro de uma antiga e valiosíssima moeda) e os moradores dos bairros pobres de Los Angeles (estes mais numerosos). Chandler demonstra sua sensibilidade aguçada ao colocar em cena aquilo que de pior a cultura americana teria a oferecer nas décadas que seguiriam: marginais desempregados, pessoas ostracizadas e excluídas da vida elegante das colinas de Los Angeles, a mesquinhez e a falta de escrúpulos quando se trata de dinheiro, relacionamentos doentios (entre mãe e filho, entre patrão e empregado), chantagem, policiais desencantados, tortura psicológica, assédio sexual, adultério e fraude. Um romance para ser devorado, e que revela a visão de vida - ao mesmo tempo amarga e nostálgica, com uma ponta de esperança - de Raymond Chandler, um dos maiores escritores de língua inglesa do século XX.