Este livro tem como pano de fundo as mudanças porque passa o mundo do trabalho e a demanda por um trabalhador mais qualificado. O senso comum associa a educação como um elemento propulsor da competitividade dos países e dos indivíduos em um contexto de acirramento da competitividade intercapitalista e da adoção de uma série de políticas desfavoráveis a quem vive do trabalho. É neste contexto que a reforma do ensino médio técnico dos anos 1990 foi apresentada à sociedade brasileira, como uma medida que não só propiciaria a universalização do ensino médio, como a democratização do acesso dos alunos das camadas populares à rede federal de ensino técnico. A partir do questionamento da capacidade da arquitetura da reforma em contribuir para a democratização do acesso, realizamos uma pesquisa de cunho quantitativo com 302 alunos de três escolas técnicas da região metropolitana do Rio de Janeiro e concluímos que longe de ter um compromisso efetivo com a democratização do acesso das camadas populares ao sistema de ensino, a concepção de educação que norteou a reforma buscou consolidar a educação profissional como o caminho natural das camadas populares. Afirmamos, ainda, que as escolas técnicas federais não são escolas de elite porque têm como proposta uma formação para o trabalho, o que, independente das aspirações de seus alunos, vai estabelecer uma socialização diversa da proposta pelas escolas de elites.