De maneira singela, sem afetação acadêmica excessiva, a autora fala de como uma doença que ameaçou dilacerar nossas esperanças de liberdade utópica se torna emblema de uma sociedade. Recorta essa dispersão apontando como as políticas de saúde se confrontam com o inusitado da epidemia da Aids/HIV. Nesse sentido, trama o esclarecimento do presente das políticas públicas em relação à epidemia e, como historiadora, busca no perigoso terreno das fontes que alimentam a história do presente aquelas que permitem a um só tempo a aproximação e o afastamento necessários para que conheçamos e compreendamos melhor a tragédia da contemporaneidade, ou seja, a sensação empreendedora da impotência diante do inesperado, a velocidade das mudanças no tempo presente e a desilusão com as tecnologias que desenvolvemos, nossa pequenez diante da vida e da morte. Paciente, revê a trajetória das relações de poder entre o Estado e a sociedade, indicando os elementos mais importantes de cada período e suas conseqüências e como chegamos ao lugar que ocupamos no cenário tortuoso que a epidemia explicitou. O caminho revelado por Maria Cristina mostra uma experiência, se não inusitada, ao menos surpreendente de uma sociedade que os mais pessimistas crêem apática, mas que no caso se revela ativa, forçando o Estado a tomar seu lugar e estabelecer políticas que se tornam muito promissoras na lida com a epidemia.