Ao longo da história da arte ocidental, inúmeros artistas têm elegido a noite como motivo ou cenário para suas obras. Tal escolha contraria, à primeira vista, uma compreensão bastante difundida também no Ocidente, seja pela via da filosofia clássica, seja pela via da tradição judaico- cristã, na qual a noite e o obscuro aparecem como imagens do indeterminado, do vazio e do não-ser. Assim, a aceitação da esterilidade noturna traz consigo um paradoxo estético: como uma realidade que nada ou quase nada oferece à sensibilidade inspiraria uma obra a ser fruída justamente pelos sentidos? É esse paradoxo que impulsiona o presente volume. Dedicado às variadas Ressonâncias noturnas, parte de uma análise das vias em que a negatividade da noite se constrói e se aprofunda para, em seguida, visitar alguns lugares de valorização da experiência noturna, nos quais o paradoxo se dissolve. [...]