Não há qualquer problema em se oferecer Valium ao peixinho de estimação ou aprender algumas técnicas úteis para remover sangue de um teclado de piano. Muito menos aconselhar uma pessoa em crise para que morra ou seqüestrar um avião, expulsar os passageiros e a tripulação, e rumar para o oceano e a própria morte. Nada disso espanta se quem toma essas atitudes chama-se Tender Branson, personagem central de Sobrevivente, de Chuck Palahniuk, um lançamento inédito da Nova Alexandria.A narrativa ágil, o humor cáustico e as situações insólitas, que já consagraram Palahniuk em Clube da Luta, estão presentes nesse romance sobre a trajetória de um empregado doméstico exemplar transformado numa espécie de ídolo e profeta consagrado pela mídia e pelo consumismo. Entre a realidade e o mundo delirante vividos pelo personagem, os capítulos numerados como uma contagem regressiva revelam a seqüência de acontecimentos que levam Tender Brenson ao último gesto de autodeterminação: o suicídio. Audacioso, contestador e imprevisível, Chuck Palahniuk é um dos mais expressivos nomes da literatura norte-americana de hoje. Este livro, que faz uma crítica ácida aos valores e à educação na sociedade consumista, demonstra também como sua literatura está engajada na tradição rebelde e contestadora das gerações underground que o antecederam. Jornalista e escritor de profissão, Palahniuk já foi mecânico, artista de rap, freqüentador de academias de ginástica e reuniões para viciados em sexo - não que seja propriamente um deles. Além de Clube da Luta e Sobrevivente, publicou Invisible monsters, Choke e Fugitives and refugees e em todos não se acanha em falar de violência e mentes doentias, sempre com humor corrosivo e inteligência. Outsider e contestador, transpõe para a literatura muito do que acumulou em sua própria experiência e das histórias da vida real.