Aqueles que transitam há anos pelo ensino de Lacan lembram que até pouco tempo toda mãe em principio devia provar que não era culpada, enquanto que todo pai era definido como cirurgião cético dedicado à nobre função do corte. O risco simétrico que hoje encontro é de que todo pai seja caracterizado como a manifestação de um gozo sem limite diante do qual o melhor é se proteger de um modo cuidadoso. Em termos de lógica, o que se reitera? Um retorno ao que Lévi-Strauss chamava de estruturas duais, quando desde o inicio Lacan nos diz que nem mesmo uma estrutura triádica é suficiente. No drama edípico, nem mesmo falar do pai, da mãe e do filho é suficiente. São o pai, a mãe e o filho imersos no universo simbólico, relacionados por algo que dá um valor de intercâmbio ao que entre eles circula que se nomeia falo. Lógica fundante, também mínima, expõe as questões em estruturas.