Esta pesquisa tem por objetivo analisar a intervenção psicanalítica com jovens em cumprimento de medida socioeducativa de internação. Nesse contexto especial, essa clínica adquire novos formatos, sobretudo no manejo da transferência, e em alguns elementos da técnica. Por esta razão, este estudo traz a articulação teórica da psicanálise com a experiência vivenciada em uma unidade de internação para adolescentes infratores. Por conceber que a intervenção sicanalítica circunscreve-se na díade paciente analista, a comum-idade o sujeito adolescente é o foco da discussão, que também aborda o conceito de sujeito, especialmente o freudiano. Em seguida, reflexões psicanalíticas pertinentes à adolescência foram consideradas, bem como as temáticas relacionadas à formação de grupos, às famílias dos jovens, à sociedade e ao universo infracional nesse ponto, surge o segundo sentido da terminologia comum-idade: a comunidade em si, que não exclui a tensão dialética entre o sujeito e o social, a família, o grupo, ou mesmo entre o sujeito e a unidade socioeducativa. Quanto a essa última, realizou-se uma apresentação da trajetória do sistema socioeducativo para contextualizar, do ponto de vista do dispositivo legal, a intervenção psicanalítica inserida nesse lugar. A partir dessas considerações, encaminhou-se para a discussão dos limites e das possibilidades da clínica psicanalítica em uma instituição disciplinar, em busca de uma escuta do sujeito adolescente para além do ato infracional. Nesse ínterim, uma lacuna no lugar da simbolização distinguiu o ato ilegal do ato que diz algo sobre o recalcado logo, um acting out em campo simbólico , e tal distinção delineou a possibilidade de uma intervenção psicanaliticamente orientada junto a esses jovens.