É uma versão com modificações da pesquisa de mestrado que teve como objetivo analisar a disputa de memória em torno do revolucionário comunista Carlos Marighella. Ao longo da ditadura militar (1964 a 1985), Marighella foi apresentado como tendo sido um perigoso terrorista e inimigo da pátria. A disseminação e a permanência dessa representação se devem, em grande parte, à elaboração de uma versão oficial para sua morte e à ação da imprensa alinhada ao regime. O processo de desconstrução dessa memória oficial foi longo e cheio de idas e vindas. O auge desse processo foi o reconhecimento da responsabilidade do Estado sobre a morte de Marighella. Observamos, nos últimos anos, uma reconfiguração das representações sobre o comunista baiano: de criminoso e terrorista, a memória coletiva hegemônica vem sendo caracterizada por sua heroicização. Tendo como grandes impulsionadores vários agentes políticos, essa nova versão oficial faz parte das permanentes batalhas de memória entre os campos políticos de direita e esquerda. Buscamos nesta pesquisa analisar a constituição das duas versões, opostas e irreconciliáveis. Objetivamos compreender como, por quem e por que as memórias sobre Marighella, sobre sua morte e suas lutas foram assim construídas.