A expressão sujar o ninho se refere ao ato de atacar o lugar mesmo que nos acolhe, aquele onde vive nossa primeira identidade. Este livro é um registro do percurso do olhar do poeta desde seu ninho, refletindo sobre o que lhe diz cada coisa, cada elemento que compõe sua pessoa e participa do constructo que é sua vida. Os poemas visitam o universo ilimitado da memória para falar do espanto e da nódoa de estar no mundo, mas também de ternura e desamparo. E o fazem com brio: a poesia de Luiz Meyer surpreende ao não se entregar ao que poderia haver de melancólico no sentimento de perda; ao contrário, é a voz de um poeta que conhece o valor do desaforo, da risada irônica para falar do que pesa. Partindo do que está mais perto - os afetos de fundação - e logo se estendendo mais e mais, alçando-se, o olhar sensível conquista o horizonte até além, até a esfera política (para o mundo) e religiosa (para os arcanos do espírito). [...]