"Em boa hora, Carlos Gildemar Pontes reúne seus melhores poemas neste volume denominado 'Poesia na bagagem'. De pronto, o que percebemos é a variedade rítmica, formal e temática dos textos. O poeta aqui vai do haicai ao poema longo e confessional; dos versos rimados aos brancos; do enfoque social ao íntimo; da natureza à feitura do próprio poema. Também há, nesta antologia, uma variedade de tons, que oscila da indignação à ironia, da gravidade à leveza, da alegria à tristeza. Tudo urdido com naturalidade e maestria. Diga-se, ainda, que o autor sabe reinventar a tradição e a língua, como em 'Gaivotê(z)s', assim como o tempo e o espaço , em 'Viajor', ou mesmo as partes que ficam do ser, com as quais sonhamos, e todo o universo a caber num verso, por exemplo. Mas será sobretudo no poema 'Herança' que Gildemar Pontes alcança, a nosso ver, o ponto culminante da sua arte, ao desfilar experiências, leituras, estilos, imagens e traços biográficos. Poema que parece sintetizar, com humor e imaginação, o conjunto dos textos da antologia. E que termina por iluminar não só a própria trajetória existencial e literária do autor, mas também a nós, leitores, que descobrimos, no mesmo barco da linguagem, o quão variada e intensa é a poesia na bagagem desse companheiro, que sabe igualmente trazer nas mãos a liberdade. - Adriano Espínola, Rio de Janeiro, junho de 2017.