Fazer aparecer a necessidade e a importância até mesmo do que parece mais insignificante e contingente. Talvez nessa máxima pudéssemos definir a antiqüíssima arte do conto. Não há pessoa viva ou morta que não tenha alguma vez narrado peripécias suas ou de outrem na brevidade do conto. Essa universalidade faz do conto um dos gêneros literários mais apreciados, e também torna a arte de escrevê-los uma das mais difíceis. Os bons contos são capazes de nos fazer olhar de modo diverso as situações triviais do cotidiano e de nos ensinar a melhor contá-las. Mas para conseguir enriquecer nosso olhar e afiar nossa lábia, o conto tem de primeiro conseguir seduzir a mais seletiva das faculdades: a memória. A leitura ou audição da história contada precisa ser uma experiência tão memorável quanto as próprias situações dos leitores ou ouvintes. Eis o ideal do autêntico contista.