Uma mulher nascida há mais de duzentos anos, numa faminta e perdida ilha de Cabo Verde, conquistou Lisboa em meados do século XIX. Os caprichos de um império andarilho e os entusiasmos ideológicos de um reino que se queria liberal, constitucional e regenerado projectaram-na para a capital da monarquia. De então em diante, a fortuna não a presenteou com muitos favores, e múltiplas dificuldades ferraram o seu quotidiano. A sua índole não era, contudo, afeita a vergar-se às duras provações, e aos desafios respondeu com uma tenacidade e vigor improváveis numa mulher da sua condição social. O inconformismo perante a mediocridade do destino reservado ao seu sexo impeliu-a a fazer da imprensa a sua tribuna, tornando-se a primeira mulher a fundar, possuir e dirigir jornais em Portugal.