A partir dos estudos de Breuer e Freud sobre os fenômenos de conversão, os pensadores da Psicanálise começaram a interrogar-se sobre o modo como a função psíquica relaciona-se com a dimensão corpórea. Freud falava sobre como se daria o "salto misterioso" do psiquismo sobre a corporeidade. Até então, a Medicina psicossomática interessava-se em poder explicar a relação causal entre os fenômenos emocionais e os seus correspondentes da ordem da corporeidade. Como resultado de intensos estudos e pesquisas baseadas em Freud, Klein, Bion e outros tantos estudiosos sobre o tema, incluindo, mais atualmente, a contribuição dos estudos neurocientíficos, um grupo de pesquisadores italianos que se formou por volta do final dos anos de 1970 tem estudado exaustivamente o tema. O grupo teve início com a liderança do professor e psicanalista Armando Ferrari, falecido, e tomou para si a tarefa de continuar as investigações e as pesquisas sobre as intrincadas configurações das relações de mente e corpo. Durante muito tempo, o corpo era relegado a um segundo plano, como se o que importasse para a relação analítica fosse apenas o que o paciente verbalizava. Penso que os acontecimentos sociais, a importância do corpo na expressão midiática e quanto os nossos queridos adolescentes impuseram aos seus mestres e, também, aos psicanalistas a noção de que as coisas mudaram e precisam ser reconceituadas, incluindo o extenso tema da sexualidade humana, constituíram e constituem um estímulo a mais.