Quem abrir Tarô, de Nicole Oliveira, receberá o intrigante convite de perambular pelas calçadas de um subúrbio qualquer de um país periférico. As palavras, costuradas a dedo pela autora, possuem a capacidade de transportar quem realiza tal travessia para tardes quentes, úmidas e despretensiosas do final da década de 1990. Através da companhia de três adolescentes, Vitória, Julieta e Marcela, é possível caminhar pelos quarteirões de um bairro de classe média baixa localizado na região central da capital paulista e entrar, vez ou outra, em uma casa, um bar, um salão, uma oficina, um ônibus, uma escola, uma padaria, uma igreja, um cemitério e até mesmo em um terreno baldio. Ao longo desses trajetos, se notam as alterações de suas ruas quando começam a receber a decoração antecipada de Natal, quando reúnem jovens nas calçadas em meios às férias e ao verão, quando aglomeram vizinhos em um bloco de Carnaval ou quando testemunham os preparativos para uma festa de casamento. (...)