John Cornwell, um dos principais especialistas mundiais sobre o Vaticano, conta a história do papado de João Paulo II em severo contraste com a sua crescente reputação como o maior Papa na história moderna. Embora aceitando que João Paulo fez do mundo um melhor e mais seguro lugar ao contribuir para a queda do comunismo na Polônia, Cornwell, argumenta que o Papa não ajudou sua Igreja quando afastou dela milhões de crentes, perseguiu dissidente, omitiu-se na condução e solução da crise da pedofilia sacerdotal e condenou milhões de católicos ao risco de adquirirem o vírus da AIDS. No meio de tudo isso, encorajou o culto de sua própria personalidade e a perpetuação de sua agenda para além de sua morte. Sua recusa em abdicar a despeito de sua doença e da idade resultou, segundo Cornwell, num papado de fumaça e de espelhos. A Igreja que conta com um efeito de um bilhão de adeptos foi efetivamente governada durante dois anos pelo seu secretário polonês e um punhado de cardeais reacionários. Embora reconhecendo a reputação de João Paulo II como um homem devoto e corajoso, Cornwell insiste em que seu papado foi profundamente falho. Uma explicação crucial para este Papa contraditório, argumenta Cornwell, veio a tona no ano do Jubileu, 2000, quando João Paulo recorreu à paranormalidade religiosa, à profecia milenar e a formas de realismo sobrenatural para explicar sua própria vida e acontecimentos no mundo. Essa visão da história, sustenta Cornwell, abala os alicerces da responsabilidade humana em comunidade, contradizendo o poder de Solidariedade que desafiou a União Soviética.