Bartleby é um silencioso e patético auxiliar de escritório que apenas cumpre ordens. Certo dia, porém, recusando-se a fazer o que mandavam e repetindo frases como Prefiro não fazer, é tido como louco. Ao longo do tempo, a reputação do escritor Herman Melville sofreu variações ao sabor das ondas de crédito e descrédito que o público vai gratuitamente provocando e oscila, como um navio, daqueles em que Melville embarcou, para iniciar suas viagens pelos mares do mundo, fugindo da angústia e da alienação. Quando fugir parecia impossível, era importante entregar-se ao doloroso processo criativo. Assim como Bartleby ele também preferia não fazer muitas coisas, optando por subverter a ordem. Mas para o protagonista, subverter a ordem estabelecida soou como sentença de morte. Na verdade, ele faz lembrar um personagem de Kafka, representando a verdadeira antevisão do homem robotizado do nosso tempo, o pobre-diabo esmagado pelas condições desumanas da vida em sociedade, cujo destino final é mesmo o hospício.