" A verdade é que qualquer cavaleiro pode ter um castelo com soldados e lanceiros; mas poucos, como André, podem ter a lua em um lago do jardim.". Seria um mistério, não fosse o tom sereno das palavras e a tranquidade das ilustrações! O palácio do Príncipe André está vazio; nem o conforto e a suntuosidade dos aposentos atraem a Corte para desfrutar as mordomias da realeza. O despojamento dos valores materiais e o desprezo pelo efêmero acometem até mesmo os ladrões de passagem pelo reino. A grande atração é o lago que se formou no jardim, após as chuvas... Lá se é feliz! À beira do lago se canta, se dança, se banha, se ouve os mais belos contos...Lá todos são iguais desde o nascer do Sol até a chegada da Lua, moça furtiva, que vem se banhar no lago do príncipe.Quem for cauteloso pode abraçá-la e aprender as canções flutuantes.

Os versos em O lagao do Príncipe André são compostos por palavras da alma de quem se realiza nas coisas simples da vida, que carrega no peito a própria luz e que entendeu o significado de sua existência.

"Quando os sonhos se encontram em um lago, se abraçam e começam a brincar."

SUGESTÕES PARA SALA DE AULA

- O lago do Príncipe André não pede, exige ser lido fora da sala de aula. Guarde um dia especial: céu azul ou noite suave, árvores por perto, um fundo musical e leve os alunos para a atmosfera do silêncio, onde só a voz da poesia terá permissão para romper o vazio... A sensibilidade é um exercício, uma prática do cotidiano: cada aluno declarará um trecho, previamente determinado. E retorna a o silêncio.

- O lago do Príncipe André nos arrasta para um universo onde não há sobrancelhas franzidas. A leitura do livro é um desafio, mas pode ser a faísca para acender nos jovens a capacidade de surpreender-se ao descobrir que o "eu" existe para o "outro".

- Não ignore as ilustrações. Recrie outro texto a partir das imagens, com outro conteúdo.

- Peça aos alunos para criarem uma personagem que seja "a sombra" do Príncipe André, o seu avesso... Desenhe dua portas (fechadas) em lados opostos da sala: uma conduzirá ao palácio e a outra ao lago do jardim. Cada aluno deverá se dirigir àquela que lhe pareça melhor e sua entrada será permitida mediante uma senha: ele deverá dizer em uma única frase o motivo de sua escolha. Sem julgamentos, censura, ou comentários. Apenas o silêncio perfeito de quem transpôs a porta.