Os moradores do povoado de Araras há mais de meio século reclamam com razão da falta de assistência e da ausência de respeito aos direitos mais elementares dos doentes do xeroderma pigmentoso. Muitos já tiveram suas vidas ceifadas e outros, na dura labuta diária do campo, expostos aos raios ultravioletas, cuidando da lavoura e do gado para garantir a sobrevivência, acabam contraíndo o câncer e perdem partes de seus corpos no processo de retirada de tumores. Sem aposentadoria por invalidez, instrução, acompanhamento médico e, sobretudo, sem esperança, os doentes passam a maior parte da vida expostos ao sol. Durante meio século, as autoridades resistiram em dar-lhes uma assistência digna. Alegavam que nada podiam fazer, além de consultas e cirurgias para retirada de tumores dos pacientes. Negavam até mesmo a distribuição do indispensável protetor solar. Há alguns meses, no entanto, essa realidade começou a mudar, graças ao trabalho da imprensa, do Ministério Público, do Sesi e de outras instituições. Esta obra surge exatamente na esteira deste processo de transformação, que visa a conquista da cidadania e da dignidade pelos doentes daquele povoado.