A presença holandesa no Nordeste brasileiro ao longo da primeira metade do século XVII deixou, sem dúvida, uma série de rastros culturais e materiais no modo de vida dos habitantes da região. Todavia, mais salientes do que tais rastros são os mitos que se construíram por aqui acerca do que veio a ser a vida no tal Brasil Holandês (1624-1654), a única experiência consistente de colonização protestante numa colônia toda ela tomada pelo catolicismo ibérico. Um dos mitos mais populares diz respeito à suposta racionalidade e competência da administração batava nos trópicos, administração que gerou uma sociedade próspera e progressista, sobretudo no período do célebre conde Maurício de Nassau.