Os dias atuais trazem em si a marca indelével do ideal de narciso. Vivemos em tempos de perversão, os sujeitos que chegam aos divãs buscam satisfações imediatas fazendo valer a máxima de tolerância zero a frustrações, gerando condutas niilistas. O analisando e a cultura deste novo milênio convidam ou impõem ao analista a perversão do setting, dos postulados teóricos e técnicos, colocando em xeque os princípios éticos que norteiam o tratamento analítico. A função analítica está ancorada na função paterna, vindo a estabelecer-se na medida em que houver um percurso da heteronomia para a autonomia. Estas leis da cultura psicanalítica que foram nomeadas por Freud (heteronomia) deverão ser incorporadas de uma forma reflexiva de modo que este sujeito chamado analista, no exercício de constituir-se como tal, vá se apropriando destas e possa senti-las como suas (autonomia). Esses são alguns dos propósitos deste livro, poder refletir sobre a prática analítica de Freud aqui desenvolvida pelos autores nesta obra instigante. Os caminhos para o pensar são tantos, mas o ofício analítico não pode prescindir de uma escuta afinada dos seus fundamentos, eis um livro que se propõe a conversar com os leitores de forma clara e profunda, sem perder a vertente intelectual do legado freudiano.