Demorou, mas o tempo construiu uma noção militante de liberdade e igualdade entre os homens, irrevogável como a consciência negra e o direito dos indígenas. Nesse espaço, o território livre da literatura ocupa-se também dos refugiados e dos imigrantes. É o que faz Mafra Carbonieri com o seu novo romance O abismo (ed. Reformatório, 2022). Abandonando o épico e detendo-se sobre a vida cotidiana de trabalho e luta, o autor se vale para isso de uma linguagem áspera, às vezes poética, sempre aguda e surpreendente.