A expedição científica de Francis de Castelnau atravessou o Brasil, partindo do Rio de Janeiro em direção à Amazônia - e passando também pelo Paraguai, Peru e Bolívia -, entre os anos de 1843 e 1847. O relato desta viagem é lido com o mesmo sabor de um romance de aventura. A minúcia e o cuidado com que Castelnau expõe cada um de seus passos - dos encontros com as mais variadas tribos indígenas aos percalços de atravessar as corredeiras dos rios em frágeis canoas, mesmo sem saber nadar - nos levam a seguir suas pegadas com o mesmo deslumbramento que ele sente diante da exuberância das paisagens tropicais ou dos ritos e costumes dos índios, e com a mesma paixão pela descoberta. O assassinato de um dos membros do grupo, já na fase final da expedição, e a consequente per da de muitos registros e documentos valiosos, traz um caráter dramático e peculiar ao texto, abrindo também espaço - como bem aponta Roger Chartier em seu prefácio - para uma reflexão sobre o próprio gênero do relato de viagem, narrativa em primeira pessoa que aqui ganha uma dimensão literária particular, fundada no fato e na memória mas quase prima do romance histórico- cabe agora ao leitor se lançar nesta aventura.