O terceiro romance de Moacir Japiassu, Quando Alegre Partiste - Melodrama de um delirante golpe militar luso-americano, tem como cenário o Rio de Janeiro, com passagens por Belo Horizonte, através de ações se desencadeando nas ruas, quartéis, redações de jornais e alguns "ninhos de amor" nos quais destaca-se a personagem Vera, nos dias do golpe militar de 1964. O Rio de Janeiro, embora não fosse mais a capital do Brasil, mantinha-se como centro político do país. Neste universo circulam, expressando-se sempre com naturalidade no português acariocado da classe média nativa, nos dialetos dos migrantes, no jargão dos jornalistas ou na linguagem da caserna, tanto a coluna avançada da guerrilha quanto os encarregados de neutralizá-la. O romance inclui também didáticos recuos no tempo, revisitando, por exemplo, a morte da jovem Aída Cury, jogada do 12º andar de um prédio da Avenida Atlântica, em Copacabana. Assim reproduz a tragédia que agitou o Brasil em 1958 e, simultaneamente, exibe uma das faces do Rio ainda capital da República. As tramas envolvem personagens fictícios e reais (o nome de cada um não corresponde à "biografia" exposta), recurso utilizado com notável habilidade nos livros anteriores A santa do cabaré e Concerto para paixão e desatino. Mas desta vez, Japiassu foi bem mais longe, a tal ponto de ficar difícil até saber se a principal figura, a quem o livro é dedicado, existiu mesmo ou foi inventada.