Nos contos deste livro, uma das primeiras obras de García Márquez, respira-se o ar de Macondo: nas flores embrulhadas em jornal trazidas pela mãe do ladrão para a cova do filho; na singular cena do dentista que extrai o dente de um dos homens mais poderosos da região; no sumiço das bolas de bilhar, crime que movimenta toda a cidade em busca do cruel vilão; no esplendor da gaiola de Baltazar, encomendada e depois recusada por um coronel, santificando seu criador; na tristeza da viúva Montiel, que vive abandonada; na melodia dos pássaros que morrem e de ratos dizimados, e, finalmente, nos esplendorosos funerais da poderosa Mamãe Grande, honrados pela presença do Presidente da República e de Sua Santidade, o Papa. Os funerais da Mamãe Grande é a mistura do trivial e do fantástico, é a trágica monotonia da vida de aldeia cortada por relâmpagos de fatalidade que jogam luz inesperada e estranha sobre a alma das pessoas é a densa humanidade e a mestria artística do grande escritor (...)