Este livro aposta na arte e mais especificamente na "poética do oprimido", concebida pelo dramaturgo brasileiro Augusto Boal (1973), como possível ferramenta de construção de outras concepções de Direito, que não mais somente a norma e letra fria da lei. Nesse sentido, recupera criticamente a noção moderna de Direito e traz à tona o movimento do "Direito Achado na Rua", pondo em cena noções como as de liberdade e de legitimidade. Para essa corrente, o Direito pode ser "a positivação da liberdade", no sentido de sua garantia, mas também da ampliação de seus espaços. Nesse bojo, o estudo culmina no debate da noção de autonomia de Paulo Freire e do jurista argentino Luis Alberto Warat, procurando pensar sobre sua tessitura cotidiana, social e pautada pela alteridade. Assim, Rosamaria G. Carneiro contorna os grandes campos da antropologia jurídica, da filosofia do direito e dos processos de subjetivação na contemporaneidade, a partir de um estudo de campo com mulheres da comunidade do Paranoá, cidade satélite do Distrito Federal.