Este livro de Maria Lúcia Gonçalves Balestriero tem como primeiro e principal mérito voltar-se para um poeta de escassa fortuna crítica, embora reconhecido pelos grandes nomes de nossa crítica como uma voz original e significativa da poesia brasileira do século XX.

A autora, com um texto cuidadoso e criterioso em seu recorte metodológico, aborda a questão da bifrontalidade da obra do poeta – consensualmente vista como voltada, ao mesmo tempo, para a tradição e a modernidade - , inovando, entretanto, quando descreve duas tendências opostas, mas ambas fundadas na modernidade: o intuicionismo e a racionalidade. A reiterada apresentação de Faustino como poeta de raízes intrinsicamente modernas dá relevância e autonomia aos ensaios aqui apresentados.

Na parte inicial, Balestriero passa em revista as diversas tendências da poesia do século XX para, em seguida, abordar direta e detidamente a obra de Faustino, apresentando leituras detalhadas, bem articuladas e fundamentadas dos poemas selecionados. Desvelando a poética faustiniana, a autora nos revela também sua argúcia como crítica literária neste bem-vindo livro sobre Mário Faustino.