"Sem lugar a dúvidas, a disciplina histórica é filão inesgotável para a invenção poética, instituindo-se como uma plataforma de signos sobre a qual a narrativa literária engendra seus vastos mundos. Por outro lado, é indiscutível que as criações ficcionais também servem como testemunhos de épocas para a interpretação histórica e que, entre os dois universos, cada qual orientado por suas próprias leis, impõem-se canais de negociação que se abrem ao estabelecimento de múltiplos sentidos. Portanto, história e ficção se articulam como campos discursivos solidários, que narram a experiência humana com imaginação, reflexão e pleno exercício da linguagem. Ambas perfazem protocolos de reciprocidade e cooperação, embora se distingam como formações autônomas e dotadas de possibilidades específicas, como constructo predominantemente artístico, em se tratando do discurso ficcional, ou como constructo científico, em se tratando do histórico."