Jusnaturalista e jushumanista tanto quanto os rótulos possam significar alguma coisa (e por isso tentado a dizer Jusnaturalista crítico e dialéctico e jushumanista prudente, ainda que militante) somos suspeito como organizador, desde logo por irenismo e eclectismo. No lugar próprio deste volume teremos aliás ensejo de exprimir a nossa opinião, a qual, aliás, demos já a lume em diversos livros, e por isso é pública. Não gastaremos por isso páginas de introdução senão precisamente para referir que este livro, que procurou juntar contributos muito diversos, mais teóricos e mais práticos, embora com um pendor sobretudo jus-filosófico, não tem funções ritualísticas ou de panegírico, mas visa contribuir para o debate sobre essa nova realidade do mundo jurídico e social a que já se chamou, e com propriedade, "nova religião": os direitos humanos. Relendo mais uma vez os textos, pode agora parecer que são em geral mais críticos que apologéticos. Talvez porque, como dizia Alain, pensar seja, antes de mais, "dizer não". Poderemos ser mal interpretado se nos atrevermos a afirmar que cremos sinceramente todos dizerem não antes de mais à opressão e à tirania, e que as diversas teorias que perfilham são apenas diferentes visões de as analisar e de as procurar combater? Em congruência com esse apego ao respeito pelas diferenças (mesmo apenas metodológicas e expositivas) dos autores, e a exemplo de anteriores colectâneas, a intervenção do organizador em aspectos formais procurou limitar-se ao mínimo dos mínimos. Cremos até que é mais benéfico ao leitor aquilatar pelo menos de algumas das diferentes formas de graficamente apresentar ideias diferentes. Porque hão-de todas essas convenções ser uniformizadas? Para comodidade de leitura? Poderíamos objectar: uniformização e até cansaço, que a variedade quebra. Cremos que o mais importante, o realmente importante é o conteúdo, expresso tanto quanto possível, na forma mais próxima da que cada autor escolheu. Já basta a relativa inevitabilidade da traição nos casos de tradução...