A ousadia deste trabalho reside em formular alguns dos múltiplos desafios que viveremos (vivemos) no séc. XXI, alguns novos como o da engenharia genética e outros tão antigos como o homem: bem e mal, atualmente, como se compõem? Realidade e fantasia, agora, como se entendem? As disciplinas que antes se impuseram como condição de estudos verticalizados, sem esgotar seu filão, revelaram-se estreitas para os complexos problemas que nos açodam. Com o encolhimento do mundo, que cabe nas telas de TV e de PC, não se simplificaram as leituras, antes se expandiram: apesar do controle que as tecnologias podem propiciar, o acesso amplo ao uso descentrou certas representações: a cultura, em sua variedade, ganhou multiplicidade de facetas e pôs arte, ciência e tecnologia em interfaces. Disto fala Tereza Mendonça, buscando organizar uma reflexão que venha dos mitos à tragédia, da ficção científica à bioética, da filosofia à psicanálise, perguntando-se pelo estranhamento que vivemos no mal-estar contemporâneo, sem se deixar acuar pela complexidade entrevista. Privilegiando a psicanálise como contexto de análise, move-se na trama que a linguagem de Morin, Maturama, Maffesoli, Milner, Prigogine, entre outros, se dimensiona e chega à ferida de todos nós: sobre os saberes complexos e sob eles, nas práticas atravessadas ou não por reflexões explícitas, a pergunta que não cala diz respeito à Ética. Ela circunscreve a condição criadora do homem.