De Safo a Terêncio; de Catulo a Dante; de Camões a Gregório; de Gonzaga a Florbela Espanca; de Castro Alves a Vinícius; todos esses poetas, através dos tempos, souberam cantar algo em comum; a ardência do desejo, os tormentos do abandono, as inquietações das vésperas, a ausência do ser amado ou a sua mágica presença, no momento em que os corpos, imantados, se abraçam, reinventando a aurora e abolindo a morte. Poderiam ter dito (e sentido) que o amor, nesse exato instante em que o corpo é sede e cálice, chama e abismo, elevação e perda de si e do outro, é vermelho. Mas quem o disse agora e admiravelmente foi Suzana Vargas, nesta coleção de 36 poemas, acompanhados pelas não menos belas fotos de Antonio Lacerda. Versos e imagens aqui se entrelaçam e se complementam, reduplicando, já no plano artístico com que o livro é composto, aquilo que esta poesia nos revela na intimidade da sua música verbal - o encontro amoroso, feito de memória e paixão. Há tempos que na literatura brasileira não surge um livro de poemas tão densos e delicados, tão intensos e dedicados à grande tradição lírico-amorosa ocidental, esse misterioso eixo da nossa vida afetiva, imaginária e real.