A proteção do meio ambiente parece ser um consenso irrepreensível em todas as latitudes, ao menos, na esfera pública; mas o que resta quando essa proteção é instrumentalizada, sobrepondo-se aos direitos básicos de populações em situação de vulnerabilidade? O livro Justiça ambiental entre redistribuição e reconhecimento chama atenção para situações desse tipo e, a partir da constatação das limitações das perspectivas distributivistas, propõe uma nova concepção de Justiça Ambiental pautada pela teoria do reconhecimento, alçando um olhar diferente sobre as possibilidades e impossibilidades de conciliação prática e teórica do discurso ambientalista clássico quando contraposto com outros direitos igualmente fundamentais. Em tempos de remoções forçadas de populações inteiras pobres em todos os casos refletir sobre a retórica ambientalista de legitimação da ação do Estado e dos ditos empreendedores é, sem dúvida, uma prioridade dos que militam na área e de todos que queiram se aprofundar num dos temas mais abrangentes e urgentes de nossa época.