Finalista do Man Booker Prize em 1993 e vencedor do James Tait Black Memorial Award em 1994, A travessia do Rio é uma ambiciosa e poderosa evocação de 250 anos da diáspora africana. Nascido na ilha caribenha de São Cristóvão e criado na Inglaterra, o premiado escritor Caryl Phillips (que hoje vive nos Estados Unidos), autor de Uma margem distante e Dançando no escuro, constrói uma narrativa singular e equilibra um brilhante leque de vozes para narrar a história de uma família que teve seus laços desfeitos pela escravidão.No ano de 1753, em tempos de colheitas escassas e desespero, três irmãos são vendidos e entregues a um navio negreiro inglês com destino à América. Através da trajetória dos três irmãos, simbolicamente separados no tempo, em suas jornadas distintas, em épocas e continentes diferentes, acompanhamos também a história de todos os filhos da escravidão.Nash é um retornado nos anos 1830. Educado como cristão, hábil na escrita e na leitura, ele é enviado à Libéria por seu ex-senhor. Mas ao chegar àquele território, que supostamente seria sua terra natal, ele tem dificuldade em se adaptar ao clima e de conviver com pessoas, tão diferentes dele. Arrancado quando menino da África, ele não mais a reconhece como sua casa.Martha, no final do mesmo século, vê-se separada da filha e do marido, vendidos para outros territórios. Arriscando-se, já com certa idade, na travessia para o Oeste americano, ela se liberta da escravidão, mas não do peso de tudo que sofreu.Travis é um soldado norte-americano lotado em uma aldeia britânica durante a Segunda Guerra Mundial, que conquista o coração de uma inglesa, branca e casada, com quem tem um filho e sonha em uma vida conjunta longe de julgamentos do passado. Essas três histórias marcantes somam-se aos ocasionais lamentos do pai que teve de vender os próprios filhos e ao diário de viagem de um vendedor de escravos para formar o chamado “coral de muitas vozes”. Passando por diferentes continentes e gerações, Caryl Phillips nos relembra dois séculos e meio de uma história que nunca será esquecida.