Pela primeira vez em língua portuguesa aparece este livro escrito pelo célebre arquiteto franco-suíço Le Corbusier (1887-1965) e o pintor e escritor francês Amedé Ozenfant (1886-1966). Juntos, eles fundaram o purismo, movimento artístico que surgiu na França nos anos seguintes ao fim da Primeira Guerra. Pautada por uma visão racional e essencialista do mundo, que também influenciou de maneira decisiva o futurismo, na Itália, e a Bauhaus, na Alemanha, bem como o movimento De Stijl, na Holanda, a plataforma do purismo se apresentava como uma nova doutrina estética, que pregava uma arte que não fosse dominada pela emoção e pela expressividade de caráter personalista, mas que se conduzisse pelas lições inerentes à "precisão das máquinas". A colaboração entre Corbusier e Ozenfant, que resultaria ainda na edição da revista L'Espirit nouveau, teve início em 1917 e durou até 1926. Ambos compartilhavam a opinião de que o cubismo havia se desviado de suas propostas originais e estava se degenerando em uma arte decorativa. Para além de sua oposição ao movimento artístico capitaneado por Picasso e naquele momento dominante na Europa, a ambição vanguardista da dupla passava por uma atualização do homem moderno, afim de que ele estivesse sintonizado com o "espírito da época".