Investigar o corpo como um legista. Tratar o poema como uma dissecação. Captar a beleza na putrefação. São esses os eixos que constroem bruxismo e outras automutilações, estreia na poesia da professora e poeta Samara Belchior. Apesar de trazer uma poética da intimidade, esta muito próxima, ainda, do incômodo, Samara se debruça sobre algo universal a incompletude do corpo, ou a impossibilidade de mapear todo o aparelho sensorial que constitui um corpo. São poemas que, entretanto, buscam investigar um incômodo para além da dissecação, questionando conceitos como subjetividade e identidade que sobressaem dos processos fisiológicos retratados. Dividido em três partes, matéria macia feita de pele deitada, ampliar os cortes para saber de que tecido é feito o eu e estruturas porosas, bruxismo e outras automutilações busca trabalhar o corpo em suas interrupções, trazendo como material poético joelhos ralados, narizes escorrendo e, até mesmo, o processo de embalsamamento de cadáveres(...)