Como tantas outras crianças, Carlos é feliz dentro da sua própria vida. As circunstâncias vão tirá-lo de sua vidinha feliz e colocá-lo em uma realidade que ele nem imaginava que existia. Os adultos que deveriam protegê-lo falham nessa tarefa, mas como quase todas as outras crianças, Carlos acha que a culpa de seu destino, de sua prisão é dele mesmo. A Casa da Luz Divina, que é o abrigo em que Carlos vai morar, não é muito o que se pensa ser um abrigo. Lá não tem grandes violências contra as crianças, tem comida o suficiente, cama; mas, nem por isso, é um lugar ideal para se viver. Lá não tem pai, nem mãe, só tias. Tem um monte de crianças e Carlos gostaria muito que a sua mãe viesse buscá-lo logo, mas ela demora muito, muito mesmo. O tempo vai passando e Carlos vai perdendo a esperança. E, quando menos espera sua vida se modifica. Sem que ele perceba já é outra pessoa. Aquele Carlinhos que entrou no abrigo não existe mais. Acompanhar a trajetória de Carlos possibilitará ao leitor ver que todos temos uma grande responsabilidade para com a criança nos abrigos. Ela não representa uma ameaça, ela é um desafio. É apenas uma criança, com sonhos a serem sonhados e desejos a serem realizados. Cabe à sociedade dar espaço para que esses sonhos não morram e condições para que esses desejos sejam realizados. Todos nós estamos em débito diante de uma criança institucionalizada.