A ciência apresenta-se como pano de fundo de toda a discussão que se desenrola ao longo dos textos. Não é por coincidência que um dos pontos altos do livro encontra-se no capítulo em que o desejo do analista serve de apoio para o exame do contingente, cujo aparecimento a partir da atividade científica é de imediato apreendido por ela numa escritura perante a qual todo desejo se subtrai. Ainda que alguns pontos de contato possam ser considerados quando se trata do real da ciência e do real da psicanálise, a diferença radical persiste diante do desejo que nasce da inexistência de uma satisfação universal em que o objeto venha a homologar um pedido qualquer. É o momento em que é da responsabilidade do sujeito a ?escolha forçada? que o singulariza. Encontramos então dois termos que, agora percebemos, sempre estiveram orientando o trajeto feito até aqui: o contingente e o singular. São duas figuras que permitem a suposição de que a mesma lógica que rege a relação da psicanálise com a ciência está presente na relação do gozo d?A mulher ? um gozo que não se escreve todo ? com outro, que, esse sim, traz sempre a promessa de ser todo escrito ? o gozo fálico. É perante essa proporção que podemos nos aproximar do lugar onde Jeferson situa a psicanálise. Anna Carolina Lo Bianco