Que pode haver de novo e de pessoal no incrível mistério que os cristãos comemoram com estranha naturalidade a cada Natal? Que há nele que possa e deva levar-nos à admiração, ao silêncio agradecido e à adesão transformante? Quem lê os Evangelhos com o coração puro dos que receberam gratuitamente o dom da fé, ou dos que a buscam lealmente, não cabe em si de admiração diante de um Deus que convive com os homens, sendo homem. Estas considerações de Jacques Leclercq, professor de sociologia da Universidade de Lovaina, pensador lúcido como poucos neste século de brumas, oferecem-nos uma visão renovada do mistério da Encarnação do Verbo. Não no plano da teoria, mas no da vivência cristã. Porque nos mostram que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade tomou carne, não somente para nos resgatar, reabrindo-nos as portas de acesso a Deus, mas para encarnar-se em cada uma das nossas atitudes e atos. Não somente quando rezamos, mas quando trabalhamos, lutamos, descansamos, sofremos e nos alegramos.