O que pode um analista diante do autismo? É com essa questão que a psicanalista Flávia Chiapetta de Azevedo inicia seu livro que se traduz numa efetiva contribuição à teoria e à clínica do autismo. Partindo dos enigmas que a clínica com autistas provoca, a autora empreende um estudo que consiste em abordar o autismo no campo da psiquiatria até as diferentes vertentes psicanalíticas. Sustentando que a teoria de Jacques Lacan permite uma compreensão mais rigorosa acerca do autismo, a autora recorre aos subsídios lacanianos para uma reflexão detalhada sobre o estatuto do sujeito no autismo. É importante observar que as questões teóricas levantadas neste livro não são meras especulações, mas sustentam a possibilidade de um trabalho clínico com crianças autistas, trazendo uma imensa contribuição àqueles que lidam com essas crianças. Nas páginas que se seguem o leitor terá a oportunidade de encontrar uma pesquisa que, levando em conta todas as dificuldades encontradas na clínica do autismo, mantém um rigor de um campo específico que é o da psicanálise: operar no campo da palavra e da linguagem seja em que caso for, lembrando que o que dá a efetividade a um percurso de análise é, como sustentam tanto Freud como Lacan, o desejo do analista.