De que depende que um sujeito, frente à irrupção do Real, tenha uma reação insólita ou patológica? De que depende a reação traumática? Se distinguirmos do constitucional os tempos de efetuação subjetiva, a identificação se apresenta a nós como um processo chave para abordar estas interrogações. E não só porque rastreando a herança arcaica nos encontramos com a identificação primordial, mediante a qual se incorpora aquilo que seria de ordem essencialmente traumática, a incorporação da língua materna, mas porque o processo de identificação, que se apresenta em três tempos, mostra em seus movimentos momentos constituintes da estrutura subjetiva tanto como da conformação do EU. A partir da primeira identificação experimentei uma formulação para pensar a forma de apresentação da identificação na neurose e na psicose. Pude apreciar, em relação a algumas manifestações fenomênicas, a inter-relação dos elementos da estrutura que entram em jogo em outros tempos da identificação. Isto serviu para conjeturar acerca do fenômeno psicossomático e algumas adições. Uma particular irrupção do real, como é a perda de um ser amado ou um substituto, levou-me a refletir sobre o luto, a melancolia e a sublimação. À medida que estas questões iam surgindo indiquei um fio condutor. A trama de minhas interrogações se ordenava ao redor de um tema central: a identificação. Se nestas páginas se esclarece algo neste terreno enigmático e confuso da identificação, é necessário reconhecer que será somente como conseqüência do interesse e da inquietação gerados nas dificuldades da direção da cura.