Os direitos da criança eram um conto de fadas, até à adopção da Convenção sobre os direitos da criança (Nações Unidas, 1989). Com efeito, durante milénios, a infância foi geralmente olhada e com frequência violentamente maltratada como idade desprezível. A descoberta de que as crianças são seres humanos diferentes e de que o futuro da espécie humana se semeia na infância dos seus filhos começou apenas há alguns séculos. E o reconhecimento de que uma criança é um ser humano plenamente igual aos adultos, em dignidade e direitos, é uma história muito recente. Consagrando e universalizando os direitos da criança, a Convenção de 1989 acaba com a discriminação da criança, por ser criança, e significa o princípio de uma verdadeira revolução cultural: o principio do fim do círculo vicioso da clonagem das gerações mais novas pelas gerações mais velhas.