Na obra de Lamberto Maffei a cultura é sempre cultura humanista, independentemente do tema sobre o qual se disserta, seja arte ou neurologia, o que explica, de certo modo, a dimensão interdisciplinar deste autor e o modo como trata de forma acessível, sem nunca resvalar para um registo mais superficial, temas de grande densidade. No âmago deste ensaio está a palavra sob todas as perspetivas, nomeadamente a da neurobiologia, a palavra enquanto faculdade que deve ser cultivada e aperfeiçoada durante a vida inteira. Maffei defende, no seu estilo culto e irónico, a necessidade de "voltar a falar", regressando à palavra na sua dimensão salvífica para a humanidade. Se a viragem digital é irreversível, implicando nas crianças e adolescentes, indivíduos psicologicamente mais frágeis, o risco de se fecharem em si próprios, a "escola da palavra" torna-se urgente enquanto escola da racionalidade e da linguagem, que contrapõe o pensamento lento, o pensamento da reflexão, ao pensamento rápido, irremediavelmente ligado ao consumismo e à perspetiva simplista acerca do mundo.