O amor não tem portas que possamos abrir e fechar, nem passagens secretas para um sótão onde possamos fazer férias dele. Toma conta de tudo em nós, envolve-nos como um lençol de tédio, sedoso, infindo. Ninguém fala deste tédio sublime, tão contrário à acção e à eficácia, imóvel inimigo do progresso do mundo. Só no trono do sonho, iluminado e funesto, o amor interessa. Prolongada, a vida torna-se demasiado curta e o amor ganha o ritmo da chuva que bate leve, levemente." Romance vencedor do Prêmio Máximo de Literatura Nas tuas mãos, originalmente lançado em 1997, é o segundo livro de Inês Pedrosa, uma das vozes femininas mais importantes da literatura portuguesa. No romance, a autora intercala os discursos de três mulheres de uma mesma família, entrecruzando memórias e pensamentos que ilustram três gerações. Mas indo além de seus conflitos íntimos, as personagens Jenny, Camila e Natália também dão voz a um século de mudanças históricas e sociais em Portugal. Jenny, a avó, escreve um diário sobre as dificuldades do amor e sobre sua difícil relação com António, seu marido, que ela ama sem ser correspondida. Camila, a mãe, rememora, por meio de um álbum de fotografias, sua história de dores e militância política. E finalmente Natália, a filha, escreve cartas para a avó, nas quais expõe sua complicada relação com a mãe e a incansável luta em busca da felicidade. Inês fala do amor em um estágio primitivo e em Nas tuas mãos, estão representadas grande parte das teorias já tecidas sobre este sentimento, especialmente no que se refere a sua relação com a ausência. "O que me interessa são as relações humanas, a minha paisagem são pessoas, no sentido em que os locais abstratos não me interessam em nada. Todos nós, mais do que consolação, precisamos de quem nos ajude a pensar em temas diferentes ou a encará-los de uma outra maneira. Nos meus livros procuro encontrar outras perspectivas para os assuntos que me tocam e que me interessam", explica.